Novo e arriscado tratamento tem remissão em 82% de pacientes com leucemia

Publicado em 07/12/2016
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Efeitos colaterais no cérebro, porém, chegaram a quase metade dos pesquisados

 
 
A farmacêutica Novartis AG apresentou, neste sábado 2/12, novos resultados de testes clínicos com uma terapia experimental para o câncer que vem sendo desenvolvida pela companhia, a CTL019. Dentre as 50 crianças e jovens tratados com células imunológicas modificadas, 41 (82%) apresentaram remissão — a ausência de evidências da existência do câncer — após três meses de tratamento. A empresa anunciou que pretende iniciar um processo de registro na agência reguladora americana Food and Drug Administration (FDA) no início de 2017.
 
Os pacientes envolvidos apresentavam, no início do tratamento, leucemia linfoblástica aguda (LLA) relapsa ou refratária — em linhas gerais, no primeiro caso, há a volta do tumor após um período de recuperação; no segundo, houve resistência ao tratamento.
 
Em apresentação no encontro da Sociedade Americana de Hematologia, em San Diego, nos Estados Unidos, a Novartis afirmou também que, dentre os pacientes envolvidos nos testes, 60% não apresentaram relapso após seis meses de tratamento.
 
O CTL019 faz parte de uma classe de medicamentos experimental que modificam geneticamente os linfócitos T — células sanguíneas do sistema imunológico. Os linfócitos T de um indivíduo são extraídos e transferidos para um laboratório, onde passam por uma reprogramação. As células modificadas, chamadas de "células T com receptores quiméricos de antígenos" (CAR-T), são reinseridas no paciente.
 
Testes com drogas semelhantes têm se mostrado arriscados em alguns casos — a farmacêutica Juno Therapeutics decidiu interromper, na semana passada, os testes com o JCAR015 após cinco pacientes com leucemia morrerem devido a um grande inchaço no cérebro.
 
Segundo a Novartis, o tratamento com o CTL019 afetou quase metade dos pacientes com a CRS, uma perigosa e tóxica síndrome no cérebro. Outros 15% dos pacientes tiveram sérios problemas neurológicos, como o delírio. Mas a companhia destacou que os efeitos colaterais foram tratados, e que nenhum paciente morreu devido à CRS.
 
Caso funcionem de forma segura, investidores esperam que as vendas de terapias com CAR-T cheguem à casa dos bilhões de dólares. A estimativa é que cada tratamento custe centenas de milhares de dólares.
 
Tratamentos com CAR-T vêm sendo testados, no momento, em cânceres do sangue. Além do FDA, a Novartis pretende também iniciar o registro do CTL019 na agência europeia European Medicines Agency (EMA) em 2017.
 
Em nota, Bruno Strigini, que comanda o setor de oncologia da Novartis, comemorou os resultados com o CTL019.
 
"Este teste, o primeiro do tipo, representa um progresso animador em vista ao nosso objetivo de ajudar crianças e jovens adultos com células relapsas ou refratárias, uma população que tem uma necessidade urgente para novas opções de tratamento", afirmou.
 
 
 
Fonte: O Globo
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