Takeda dobra a receita no Brasil após comprar Shire

Publicado em 17/01/2019
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Após concluir na semana passada a multibilionária aquisição da farmacêutica Shire, fruto de uma oferta de US$ 62 bilhões - em dinheiro e em ações -, a japonesa Takeda começou ontem um processo acelerado de integração das operações mundiais. Agora, estará em 80 países. Para o Brasil, os planos são de manter o ritmo de crescimento dos últimos anos, incorporando produtos e tecnologias da Shire e levando ao mercado novos medicamentos.

"Com a aquisição da Shire, vamos dobrar de tamanho no Brasil, onde vemos perspectivas de ampliar nossos negócios ", disse Ricardo Marek, responsável pela divisão de países emergentes (GEM) da Takeda. Baseado em Cingapura, o executivo brasileiro falou ao Valor no intervalo das várias reuniões de integração que participou em São Paulo ontem.

O Brasil, ao lado de China e Rússia, são destaques no grupo dos emergentes, que compreende 48 países, afirmou Marek. Esse grupo responde por 14% da receita global da "nova" Takeda. Com a Shire alcança US$ 31,3 bilhões. O Brasil, que é um dos maiores mercados da região, está à frente.

O país ganhou novo status com o negócio, disse o executivo. Renata Campos, que assumiu a presidência da empresa há dois anos, também respondia pelos negócios de América Latina. Agora, terá atuação centrada no mercado brasileiro. "Acabamos de definir o plano de negócios para os próximos três anos", informou a executiva, há quase dois anos no cargo e desde 2005 na farmacêutica.

"Neste ano, já teremos quatro importantes lançamentos", disse Renata. Ela informou que a empresa, após a reorganização, mantém o foco na área de gastroenterologia (GI) e vai agregar três áreas novas ao seu portfólio: doenças raras, hematologia e neurociência. A Takeda tem presença ainda em oncologia e terapias derivadas do plasma (TDP).

Segundo informa, a companhia japonesa de mais de 230 anos de fundação se posiciona entre os dez maiores em atuação no país. Renata destacou ainda o acordo com a Hemobrás para instalação de uma fábrica em Pernambuco que envolve transferência de tecnologia para fator de coagulação 8 recombinante. Dividido em cinco fases, o empreendimento de US$ 250 milhões deve ser concluído até 2023 e vai beneficiar milhares de hemofílicos.

Outra grande aposta da Takeda é o desenvolvimento da vacina contra dengue, cujo programa visando aprovação está em curso. Até fim do mês deve receber a aprovação de grupos técnicos para a fase 3. Ainda não previsão para lançamento da vacina. "Estamos executando todos os estudos e pesquisas necessários", disse Marek. Vários países serão beneficiados, como Brasil, México, Equador, Malásia, Tailândia. E até EUA, Europa e Japão - nestes casos para atender pessoas oriundas de regiões com surto da doença.

A compra da Shire, que desde o anúncio afetou o desempenho das ações da Takeda, permitiu à farmacêutica japonesa maior presença no Ocidente. Da receita combinada, quase metade (49%) será gerada nos mercado americano. Europa e Canadá ficarão com 19% e o Japão, 18%. O GEM, sob coordenação de Marek, 14%.

Os quatro grandes mercados de operações da "nova" Takeda, que passou a ter ações listadas, desde terça-feira, também na Nyse, de Nova York, estarão divididos em seis grandes blocos: três países e três sub-regiões. Com a Shire, a farmacêutica torna-se a nona maior do mundo, disse Marek, com base em levantamento de consultorias especializadas.

Renata Campos tem a missão concluir a integração no Brasil em alguns meses, no mesmo ritmo global, e de maximizar os negócios da Takeda no país. "Somos uma das empresas que mais cresce aqui no setor e vamos assim continuar", disse. Ela passa a comandar 1.500 funcionários, uma fábrica em Jaguariúna (SP) e um laboratório de pesquisa (ex-Shire) em São Paulo.

Segundo a executiva, a receita de vendas da unidade brasileira novo perfil: 36%, medicamentos de prescrição; 29%, hematologia; 14%, medicamentos OTC (sem prescrição), 10%, remédios para doenças raras; 6%, de oncologia, e 5% da área de oncologia.

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