Uma das ferramentas mais potentes que temos à nossa disposição é o pensamento, mas habitualmente não nós esforçamos o necessário para direciona-lo positivamente. O que mais observo em meus atendimentos, são pessoas focando no negativo em busca de defender-se do que não querem que lhes aconteça pessoal ou profissionalmente. Considerando que, tudo aquilo, positivo ou negativo, que você põe foco e energia, cresce e te domina, torna-se dispensável citar quais resultados essas pessoas obtém, certo?

Desta forma, o pensamento torna-se uma força dual que, pode tanto nos alavancar a realizar nossos objetivos, quanto pode ser potencialmente sabotador, disfuncional e comprometer nossa existência.

Comparo o pensamento aos cuidados dispensados a um jardim. Quando prestamos atenção e cuidamos, nos rende alegria, lindas flores com seus perfumes e um visual agradável aos olhos. Quando não dispensamos atenção e os cuidados necessários, deixando-o a própria sorte, comumente, tornara-se feio, sem vida e dominado pelas ervas daninhas por toda a terra. Comparativamente, crenças limitantes e pensamentos negativos tendem a devastar nossas mentes, comprometendo nosso comportamento, atitudes e decisões, gerando sofrimento existencial e situações problemáticas em nossa vida. É importante atentar as formas de pensar que podem intoxicar sua vida.

Formas disfuncionais de pensar que interferem em nossas ações:

Visão Distorcida-> Nem sempre estamos conscientes desse comportamento, mas em alguns momentos, não somos capazes de vermos e analisarmos os detalhes de uma situação vivenciada. Neste caso, frente a um evento negativo, podemos generalizar e exagerar suas possíveis consequências, como sendo uma catástrofe. Perceber, ver, ampliar e generalizar qualquer simples problema como se fosse um "desastre", advém da crença e visão distorcida e tóxica que só serve para gerar pânico, frustração, desespero e tristeza.

Dica: Desenvolva ou aprimore o olhar mais realista e embasado em dados e fatos e encontre os pontos positivos em cada situação/problema e o compare com situações semelhantes, de forma que obtenha uma perspectiva mais objetiva e realista.

Eu Deveria...-> O pensamento tem como uma de suas principais funções, o planejamento, que nos permite organizar nossas ações e prevermos suas possíveis consequências. Às vezes, erramos ao planejar as ações necessárias e sua execução, assim, surge à culpa e nos cobramos através do pensamento: "Eu deveria" ter feito..... Tal atitude se aplica as situações em que precisamos agir prontamente, ao invés disso, procrastinamos embasados pelas clássicas justificativas como: falta de tempo, falta de dinheiro ou a falta das condições adequadas para tanto.

A auto cobrança na forma do - "Eu deveria", tem por objetivo aliviar a culpa sobre as coisas que “queríamos” ou “precisávamos” fazer e não as fizemos e somada à angústia de perceber que precisamos agir urgente de uma nova forma para aliviar o sofrimento. Um verdadeiro drama existencial. Os resultados comumente observados neste tipo de pensamento e atitude são a frustração em função da inação, baixa realização e resultados insatisfatórios.

Dica: Para agir efetivamente sobre esta forma de pensar e não mais se sabotar como refém da situação, liste em uma folha de papel tudo o que você tem que fazer (goste ou não) no dia. Informe o horário ou data máxima de entrega. Agora, priorize a execução das tarefas inserindo o 1 na frente da mais urgente e assim por diante. Elimine possíveis distratores (que roubam seu foco) e comece a executar em ordem crescente, uma a uma. Chegará ao fim de seu dia sentindo-se pleno e capaz de realizar tudo o que é necessário. Caso tenha dificuldade em trabalhar focado, pesquise e utilize o Método Pomodoro.

Lembre-se: Quem quer realmente realizar algo, cria os meios e realiza. Já quem apenas pensa que quer, cria inúmeras justificativas, posterga ações e frustra-se!

Generalização-> Esta é mais uma forma do pensamento operativo, no entanto, a meu ver, equivocada. Habitualmente, algumas pessoas, tiram conclusões precipitadas a partir de casos pontuais, sejam eles, vividos ou mesmo sabidos por terceiros, sendo que, em algumas ocasiões a generalização se volta contra os próprios.

Tal situação ocorre quando cremos e observamos padrões inexistentes e assumimos que apenas um caso pode ser validado aos demais. A repetição deste pensamento nos leva a conclusões equivocadas que geram crenças irracionais: "todas as mulheres... / homens são ..." ; "todas as pessoas do país X são ... "; “todo homem que usa camisa rosa é...” ou “toa mulher que usa saia curta é...”. Generalizar nos conduz a estereótipar pessoas, situações, costumes, hábitos e crenças que, em última análise, determinará para alguns, suas atitudes, comportamentos e decisões, bloqueando seu acesso a oportunidades ou dificultando seus relacionamentos, sejam, pessoais, sociais ou profissionais.

Dica: Ao conversar e expor sua opinião sobre algum assunto em ambiente social ou profissional atente ao uso das principais palavras que evidenciam a generalização: "todos", "nunca" ou "sempre". Nesta situação, podemos perceber que estamos em vias de fazer uma generalização, assim, podemos frear o curso do pensamento e nos atermos aos fatos concretos e realmente vividos ou experimentados.

Adivinhação-> Uma tarefa do pensamento para algumas pessoas é amarrar as pontas soltas e tirar conclusões precipitadas e infundadas sobre algum fato ou situação. Comumente, essa atitude nos induz ao erro ao concluirmos algo sem os fatos e dados necessários para tanto. Essa prática também é conhecida como “adivinhar o pensamento”. Em termos práticos, quando diante de um fato sem provas ou embasamento suficiente, nossa conclusão tende a ser negativa.

Dica: Antes mesmo de ceder a tentação de tirar alguma conclusão sobre algum fato ou situação cotidiana, avalie se possui fatos e provas suficientes ou, se trata apenas de um capricho de sua mente, ou ainda, a mera projeção de sua insegurança nos outros. Em caso de dúvida, o melhor é perguntar diretamente antes de concluir algo.

Rótulos-> Aceite ou não, vivemos em um mundo de rótulos. Podemos reconhecer que alguns rótulos são necessários e nos ajudam em nossos relacionamentos. No entanto, quando assumimos ou atribuimos rótulos, por exemplo: direita e esquerda na política adotamos uma visão e maneira rígida de pensar e, que nos impede de desenvolvermos como pessoa e estabelecermos comunicação e relacionamentos com maior qualidade.

Ao agimos sob a crença irracional e limitante de que somos desta ou daquela maneira, nos rotulamos e dificultamos a expressão de nosso máximo potencial. Não servimos apenas para fazer algumas coisas razoavelmente bem, podemos sempre ir além dos limites que nos foram impostos e mudar, ousar, correr riscos e agir de nova forma evitando a estagnação e a mesmice.

Dica: Questione a origem do rótulo. Nada incomum, ser um rótulo atribuído pelos pais ou amigos em alguma fase de sua vida. Fato esse não significa que ainda somos a mesma pessoa e nem que não seja possível alterar esse rótulo.

Bode expiatório-> Nosso pensamento normalmente tende a ser lógico e operamos em termos de causa e efeito. Logo, quando ocorre algo negativo, imediatamente queremos entender quais foram às causas para tanto. Para algumas pessoas, procurar as causas torna-se uma tortura continua em função dos pensamentos de culpa que surgem. O que importa nesse caso, não é evoluir e aprender com o erro, apenas culpar e julgar a si e aos outros em busca de uma razão inexistente, mas que “explique” o erro. Paradoxal e disfuncional, não?

Dica: Uma saída prática é excluir de seu imaginário e vocabulário a culpa e, passar a operar como sendo o único responsável por seus pensamentos, opiniões, escolhas, decisões e ações. Eventualmente, quando algo der errado, podemos assumir diferentes pontos de vista para analisar, considerando outras possibilidades, apenas assim, poderemos formar uma imagem mais nítida e embasada do que de fato aconteceu.

Marcio Caldellas – Psicólogo clínico, Personal, Career & Executive Coach certificado pela Sociedade Brasileira de Coaching e BCI – Behavioral Coaching Institute – USA. Sólida carreira desenvolvida em Executive Search como Headhunter atuando com posições executivas. – www.mccoaching.net