Prezados colegas da rede. Hoje trago um tema tema diferente dos últimos dias e tentarei abordar o tema de Seleção (o qual possuo grande experiência, pois trabalhei nessa área por mais de seis anos).

Recrutar, avaliar e selecionar é histórico, para não dizer bíblico. Jesus Cristo não escolheu aleatoriamente os seus discípulos. Ele os escolheu pelas habilidades que cada um tinha e no que os mesmos poderiam ajudá-lo. Foi o primeiro estrategista que conheci, pois foi esse time que ajudou a disseminar as idéias de Cristo (esqueçam religião, é apenas um paralelo).

Nas grandes guerras, iniciou-se a primeira onda, onde, os americanos, pioneiros em tudo, desde automóveis até venda de viagens á Lua, criaram testes para selecionar os melhores recrutas, com base, principalmente, na sua inteligência e nas idéias de Catell (daí iniciou-se as inúmeras e inúmeras baterias de testes de inteligência). Nisso, os psicólogos saíram na frente, pois os testes, tão temidos e pavorosos, só eram aplicados e corrigidos por eles. Olha só, alguma semelhança com as salas de exames psicotécnicos para CNH dos dias atais?

A segunda onda, na minha opinião, teve início na metade do século passado, onde a "geração paz e amor" adentrou o mundo do RH. Nessa onda, já não se viam mais tantos psicólogos em RH, mas, não raro, tínhamos profissionais de outras áreas (um avanço, confesso), pois habilidade em recrutar e selecionar nada tem a ver com formação, mas sim com boas ferramentas e técnica. Não obstante, a segunda onda também veio com seus "modismos". As dinâmicas de Grupo: cansativas, chatas. Alguém já brincou de escravos de Jó? Montou uma empresa? dezenas de cartolinas, colas, barbantes e tesouras seriam as ferramentas para descobrir se você seria ou não capaz para a vaga proposta. Não critico o caráter importante da dinâmica de grupo, mas como um laboratório social e aliado a outras técnicas. Na época das vacas gordas e muitas contratações, cheguei a realizar 04 ou 05 grupos de dinâmicas por dia. Com todo o dinamismo do nosso mundo, elas também foram perdendo o seu significado.

Aí entramos na terceira onda, totalmente diferente das outras duas, pois dois grandes eventos marcaram severamente esses tempos: o estouro da bolha imobiliária (2007-2008) nos EUA, trazendo colapso para a economia Global e as famosas redes sociais. Agora, o R&S é digital. Na verdade, não se chama mais R&S, por favor!!! Somos Talent Acquisition. Não nos envie mais currículo e não me convide para entrar na sua rede. Quando eu precisar, eu acesso, como acessar um "Google" e trago o profissional que o meu gestor quer. Simples assim não?

Não, não é tão simples assim. Como aprendi sempre na minha vida, não generalizar, participei de processos e conheci empresas, consultorias e consultores de grande valor e respeito. Mas por outro lado, conheço muito TA, que na verdade não é nem R&S, é apenas R (de Recrutar), que possuem um texto padrãoensaiado e discursado de retorno, seja positivo ou negativo, quando o fazem, e não deixam o candidato com sua expectativa amargando uma longa espera. Não precisamos de profissionais assim. Temos softwares muito mais eficientes e com vozes muito mais "bonitas" se for só pra ler um texto: "Adoramos seu perfil, você tem um excelente potencial, mas nesse momento seu perfil não pôde ser aproveitado. Deixaremos o seu processo no nosso banco de talentos". Alguém já ouviu isso alguma vez na vida? Ou apenas leu em um e-mail (detalhe, com o nome de outra pessoa no cabeçalho).

E quando o recrutador liga duas, três ou mais vezes e faz o candidato ir para uma vaga de RH e outra de Supply? Nossa, tem tudo a ver as competências não? Gente, tá na cara que é pra fazer volume, pois ainda se tem uma ideia distorcida de que precisamos de três ou quatro candidatos por vaga. Não podemos esquecer que não estamos trabalhando com bonecos e "pinçando" perfis (gostei da imagem, pois reflete bem isso) e que o recrutador não pode ser o Gigante, o ser supremo, que escolherá o futuro da vida do profissional.

O profissional moderno de Recrutamento e Seleção (ainda sou das antigas) tem que ter empatia, tem que aceitar e fazer conexões, manter os vínculos com os candidatos, mesmo após o término do processo. Até hoje tenho contato com candidatos à vaga de estagio que participaram comigo e hoje já são coordenadores e Gerentes. O Profissional de R&S tem acesso às vagas da empresa e de outras vagas, e deveria, no mínimo, auxiliar esse profissional que não pôde ser aproveitado na empresa para outras posições. Isso é ser profissional de RH: se preocupar com as pessoas.

Por fim, mais alguns modismos vêm á tona e a cada dia e novas competências são criadas. Esses dias, contei em uma das empresas que me pediu assessoria, eles tinha 15 e alguns nomes interessantes: "Cooperação Tranversal", "Change Management", entre outras. O que deve ser exigido é o que a vaga pede. O melhor perfil é aquele que cabe na cadeira. Mas não, o Diretor de RH leu uma matéria de uma renomada profissional de RH, reconhecida internacionalmente, que inventou uma nova categoria para a geraçã Y, os Milenials. Agora o perfil mudou: para fazer parte da nossa empresa, o mesmo deve falar inglês fluentemente (mal lhe será exigido o português), Cooperação Transversal (ele quase não interagirá com as pessoas) "Change Managemenet" (a empresa quase nunca muda e não tem sistemas, e ele vai gerar inúmeros e inúmeros relatórios em excel) e deve ser Milenial (por que, não sei, mas tem que ser). Todo mundo diz que isso é bom.

Prezados e prezadas da minha rede. A tecnologia veio pra nos auxiliar. Me lembro da época que tinha que manusear currículo de papel com luva cirúrgica, e não tenho saudades disso. O Linkedin, o Vagas, entre outros são excelentes ferramentas para auxiliar o RH, mas o profissional não pode perder o bom senso e trabalhar para a máquina. Deve-se inverter os valores, deixar de lado os modismos, se ater naquilo que realmente importa. Como diz meu primo, Róbson Pereira, que considero como Irmão, que está de viagem sabática á Índia, e o melhor coach que já tive: "Você tem que fazer aquilo que acredita. Cada ano que passa é um ano a menos que você tem nesse mundo. Não deixe que o corporativismo, o modismo, a geração "x, y, z, aa, ab e quantas mais tiverem te ceguem para o bom senso". Acompanhemos a tecnologia, o mundo moderno, mas com o olhar, sempre e sempre, para dentro, naquilo que acredita realmente. E se escolheu trabalhar em recrutar e selecionar, que o faça com pessoas e não com bonecos!!!!