A palavra decisão vem do latim e é formada por dois radicais: de, que significa interromper; e caedere, que significa cortar. Logo, decisão significa “parar de cortar” ou “deixar fluir”. 

A decisão só existe quando há um problema e mais de uma opção de escolha para o mesmo. É importante identificarmos os problemas, que nem sempre os são, e em muitos casos são oportunidades disfarçadas, mas que exigirão também decisões bem estruturadas. 

Frente ao problema, sempre temos a opção de tomar ou não uma decisão, mesmo quando existe apenas uma única alternativa, temos uma decisão a tomar: escolher e colocar em prática esta alternativa ou não.

Tomamos decisões diariamente em todos os níveis de nossas vidas, sejam elas, corriqueiras, pouco complexas e também aquelas que terão grande impacto e repercussão em nosso futuro. Tanto em nossa vida pessoal quanto na profissional, diversas alternativas nos são oferecidas para serem escolhidas a cada momento, sendo que muitas vezes nem nos damos conta de que estamos decidindo e qual a importância desta atitude.

Será que sempre tomamos as decisões mais acertadas? Na maioria das vezes não nos é possível responder a esta pergunta, vez que nem sempre sabemos qual seria o resultado da opção descartada, restando apenas o resultado da opção escolhida e executada, desta forma, não é possível fazermos comparações embasadas.

Tomar uma decisão nem sempre é um ato simples e rápido. Já reparou como é comum encontrarmos pessoas e até mesmo empresas que enfrentam dificuldades no momento de fazer uma escolha?

Visando nos auxiliar nas tomadas de decisão, com diversos níveis de complexidade, existem técnicas e sistemas que preparam o decisor para esta tarefa. Numa organização isso se torna mais complexo, pois as decisões afetarão diretamente empregados, acionistas, subordinados, chefes, clientes e fornecedores. Assim, é fundamental conhecermos quais são as variáveis.  

Para que possamos decidir é necessário elaborarmos alternativas para que possam ser analisadas. Tanto em sua elaboração, quanto em sua análise, a informação será fundamental para uma decisão embasada e eficaz. É fundamental o cuidado com a qualidade das informações, pois referências erradas podem comprometer o resultado e um excesso de informações sem qualidade pode inviabilizar o processo decisório.

Alguns ainda não perceberam, mas a tomada de decisão pode gerar perda de tempo e dinheiro, principalmente no ambiente corporativo. Diante disso, não temos como apontar um único responsável por tornar as escolhas mais difíceis, pois existem inúmeros fatores que podem travar o processo.

Destaco aqui, os fatores mais comuns que emperram a tomada de decisão em algumas organizações, para que em uma próxima oportunidade você tenha consciência e condições de lidar com essas questões com maior facilidade.

Falta de autonomia para decidir -> Alguns líderes, empresas ou processos, simplesmente não concedem a autonomia necessária para que as pessoas tomem suas próprias decisões. Essa regra pode ter como função, controlar riscos, gerenciar mais de perto processos ou pelo simples fato do “ego grande” e concentração de poder de algum gestor. Alguns líderes não querem/ aceitam conviver com a ideia de que alguém tome a decisão por eles.

Falta de coragem para decidir -> Algumas pessoas possuem autonomia para tomar decisões, mas não conseguem obter coragem para decidir por si próprios. Recorrem e contam com a ajuda de outros para compartilhar a decisão (e inconscientemente a responsabilidade), que é uma forma de remediar sua dificuldade, porém, nesses casos, o ato de decidir acaba se arrastando por muito tempo.

Excesso de opções -> Quão maiores forem as opções, informações e conteúdo, mais difícil será a decisão. Considere que: você fará a reforma da cozinha de sua casa e solicita orçamento a cinco empresas, sua decisão será mais demorada do que se você colhesse apenas três orçamentos. Quanto mais opções, maiores as dúvidas geradas. Limitar suas opções é um fator estratégico e de bom senso para a decisão acontecer com maior agilidade.

Necessidade de brilho pessoal (EGO) -> Algumas decisões não são tomadas devido ao fato de que o “responsável”, aquele que pode decidir, prefere que todos reflitam sobre o assunto, batam cabeça, façam inúmeras reuniões, levantamentos e gastem muito tempo e dinheiro. Sendo que, no dia da conjunção astral do “super decisor”, ele surge com a solução mágica, que provavelmente, ele já sabia desde o inicio. Isso lhe soa familiar? Já vivenciou esse cenário?

Falta da gestão de “milestones” – (marco) -> Inúmeras decisões não são tomadas simplesmente porque algumas pessoas “esquecem”. Exemplo, você solicita a cotação de preço de um insumo, naturalmente, vai recebendo as propostas por e-mail ao longo dos dias e vai seguindo a vida em frente, mantendo o monitoramento das etapas até a tomada da decisão. Algumas pessoas se “esquecem” do que pedem e a quem, pela ausência de organização e método. Diante da falta de “urgência”, vão postergando o assunto e a decisão não é tomada. Sugestão: defina para cada tarefa, o prazo limite para cada etapa envolvida no processo e o “dead line” para a decisão. Tal fato contribui para limitar o tempo e, por consequência, realizá-la.

Preguiça -> Fator conhecido, que comumente ocorre e já vivenciado por muitos de nós em algum momento. A preguiça pode fazer com que posterguemos a decisão, deixando para depois e, em muitos casos, ela não é tomada. Não se esqueça que, não tomar nenhuma decisão, já é uma decisão: a de negligenciar.

Conflitos observados em algumas organizações: 

Decisões que merecem especial atenção e cuidado nas organizações são as estratégicas, por envolverem diversos fatores, serem de grande importância e atingirem diversas pessoas por um longo período e que podem gerar conflitos internos. São dois os tipos de conflitos possíveis de ocorrer: individuais e organizacionais.

Conflitos individuais são os de foro íntimo e pessoal do indivíduo. Isso ocorre quando o indivíduo não identifica uma alternativa plausível e satisfatória. Tal conflito se apresenta nas formas de: inaceitabilidade, onde as probabilidades são conhecidas, mas nenhuma é aceita como satisfatória; incomparabilidade, onde são conhecidas as probabilidades, mas nenhuma se apresenta melhor do que a outra, e na incerteza, onde não são conhecidas as probabilidades das alternativas.

Só haverá conflito organizacional se for muito baixo o nível dos conflitos individuais. Deve-se ao fato de que se um indivíduo não possui uma posição firme, uma decisão clara, firme e embasada, não irá entrar em conflito com os outros integrantes do processo. Esse conflito só ocorrerá onde houver decisões coletivas ou grupais, onde seus integrantes possuírem pontos de vista e objetivos diferentes. Para que este tipo de conflito possa ser resolvido, três processos podem ocorrer: de persuasão, de negociação e o de coalizão. Em todos eles, alguns indivíduos terão que ceder em parte e se adaptar às decisões conjuntas.

Frente às decisões e soluções possíveis de serem tomadas, tanto por altos executivos, como por pessoas sem cargos de decisão, é importante ter em mente que, os resultados a serem atingidos, a consciência de que as decisões tomadas são meras ferramentas e que a atitude de tomar a decisão, não gera automaticamente os resultados nem a certeza absoluta da escolha tomada ser a “certa”.

 

Marcio Caldellas – Psicólogo clínico, Personal, Career & Executive Coach certificado pela Sociedade Brasileira de Coaching e BCI – Behavioral Coaching Institute – USA. Sólida carreira desenvolvida em Executive Search como Headhunter atuando com posições executivas. – www.mccoaching.net