O confiar nasce do equilíbrio dessas três forças:

Fé: Que é acreditar em Deus ou em algo superior.

Confiança: Que é acreditar no outro (Superior, subordinado e par).

Autoconfiança: Que é acreditar em si mesmo.

O Medo é o nosso Pior Inimigo

É como se tivéssemos um banco de três pés, onde cada um deles tem sua importância particular na sustentação do conjunto todo. Quando nos sentamos em um banco sem um dos pés, ou com um dos pés muito menor que os outros, ficamos inseguros e desconfortáveis.

 Quando o banco não está bem calçado no chão, a gente cai ao sentar. Infelizmente, muitas pessoas vivem procurando equilibrar-se em um banco desequilibrado. Então, olhe para dentro de si mesmo, reflita por um momento e responda às seguintes perguntas:

Se tivesse de atribuir uma nota de 0 a 10, quanto você daria para a presença de cada uma dessas forças em sua vida? Alguma delas está precisando de atenção especial? Agora que você já começou a refletir sobre como está esse equilíbrio em sua vida, vamos conhecê-lo em mais profundidade.

1- Fé: Acreditar em Deus ou em algo superior

 Geralmente, começo falando sobre o triple de confiança e abordo em cada um deles. Mas a grande verdade é que, na minha vida, sempre começo tudo o que faço com uma oração, pedindo a Deus que me dê sua luz para que  eu consiga ajudar minha equipe. Apenas quando sinto sua presença e proteção é que começo a me dedicar ao projeto.

Quem confia em Deus mantém as preocupações fora da mente.

Mas, falando em fé,  qual é o significado dessa palavra tão pequena, porém tão forte?

A palavra fé vem do latim fides, que significa a convicção de que algo seja verdadeiro, pela absoluta confiança que depositamos nesse algo.

A pessoa que tem fé mergulha na vida com uma sensação de segurança maior do que uma criança tem quando vai para o primeiro dia de escola, ou para a primeira competição  esportiva, quando  sabe  que pode contar com os pais ao seu lado.

A fé nos conecta com a dimensão da eternidade — quer dizer, com a consciência de que nossa vida não começou no dia em que nascemos neste planeta, nem vai terminar no dia em que morrermos. Como dizem alguns pensadores, "somos uma alma com um corpo e não um corpo com alma".

A pessoa espiritualizada tem sempre a consciência de que realizar sua missão de vida, servir ao próximo e estar em paz consigo mesma são fundamentais para viver.

Quando temos fé, compreendemos que a vitória não vem de ganhar sempre o jogo,  mas,  sim,  da consciência de realizar sua missão de  vida.  O resultado de um jogo faz parte do processo de aprendizagem, e por isso  é preciso celebrar as vitórias e aprender com as derrotas.

A sensação de insegurança vai embora à medida que a fé aumenta. Não confunda fé com fanatismo.

 Alimente sua alma.

 "Quando você olha para Deus, e percebe que ele nunca parou de olhar para você." - ZIG ZIGLAIR, ESCRITOR NORTE-AMERICANO.

2 - Confiança: Acreditar no outro

Confiar nas pessoas é fundamental para deixar as preocupações de lado. Quando podemos entregar nosso coração a um amigo, ou compartilhar uma dificuldade com alguém em  quem  confiamos e receber sua orientação, temos certeza de que os problemas são apenas oportunidades para estreitar nossas amizades.

É lógico que devemos confiar somente nas pessoas que merecem. Afinal, confiança é algo  muito especial. Mas, infelizmente, muitas pessoas não confiam nem na própria sombra e acabam ficando muito solitárias.

Em geral, pessoas desconfiadas tiveram pais que não souberam cuidar delas — alguns violentos, outros carentes — e a partir  daí  aprenderam desde  a infância a não confiar em ninguém.

Muitas pessoas aprenderam desde cedo a se virar sozinhas para não sofrer abandono e por isso não se ligam a ninguém em seus relacionamentos afetivos, trabalham sem confiar nos companheiros, superiores, pares e, principalmente, não têm amigos  de  verdade.

Enquanto a vida delas funciona mesmo com essa solidão, elas conseguem avançar. Mas quando os problemas maiores aparecem, a vida fica complicada. Há certo tempo conheci um grande construtor que acumulou fortuna tratando os funcionários como se fossem mercenários, - tinha orgulho de dizer que pagava bem a todos para não aturar desaforo de ninguém. Também nunca se vinculou a nenhuma mulher, - falava com arrogância que preferia sair com garotas de programa, porque dinheiro ele tinha muito, mas o tempo era pouco. Na verdade, tratava todas as namoradas como se fossem descartáveis e com isso acabou não se casando nem tendo filhos.

Alguns meses depois, sua equipe me contratou para fazer uma palestra na empresa dele, que passava por dificuldades financeiras. Depois da palestra, em um hotel sofisticado na Bahia, ele pediu que conversássemos. Falou que a solidão machucava sua alma, pois ele não tinha com quem conversar. A partir de certo momento, ele começou a chorar e a dizer que sua vida não tinha sentido e, para piorar, que se sentia abandonado por sua equipe. Procurei mostrar a ele que ainda dava tempo de mudar sua vida. Mas, para isso, antes de tudo, ele precisaria aprender a valorizar as pessoas.

Torço do fundo do coração para que ele aprenda a amar e a valorizar as pessoas. Ele vai descobrir um tesouro que nunca imaginou que existisse.

A solidão nos deixa frágeis como uma tartaruga sem o casco, e o amor nos fortifica como um relâmpago no deserto. A solidão faz com que você seja como um exército de um homem só: Qualquer dor de barriga, e acabou seu poder.

A confiança nas pessoas é fundamental para quem quer viver em paz e prosperar.  Mas, quero também falar da importância de saber escolher em quem confiar, pois existem muitas  possibilidades  no  caminho entre viver solitário, desconfiado e depressivo e o outro extremo, ou seja, expor-se ao perigo de confiar em qualquer pessoa. Afaste-se de quem não merece sua confiança. Mas para confiar e ser confiavel temos que praticar:

Generosidade

Respeito pelo outro

O perdão é o melhor remédio

Gratidão gera confiança

A importância de reconhecer seu erro e pedir ajuda para corrigi-lo

Conquiste credibilidade

A palavra dada tem que valer

 

Construir a sua história

3 - Autoconfiança

Não confunda autoconfiança com arrogância

"O maior ato de fé acontece quando a pessoa assume que ela não é Deus." -OLIVER WENDELL HOLMES

Pode parecer estranho o que está escrito nessa epígrafe, mas a verdade é que tudo que é levado ao extremo causa distorções. Por exemplo, quando uma torcida organizada leva a paixão por seu time ao extremo, surgem as brigas com as  torcidas adversárias.  Quando  um  professor se torna arrogante, deixa de ensinar o aluno para usá-lo como alimento para seu  ego.  

"Quando  um gestor é vaidoso, passa a não olhar o que acontece com a equipe e seus resultados e a se preocupar apenas em colocar em destaque sua  performance  pessoal."

Quando um rapaz é convencido, nem mesmo presta atenção aos sentimentos da namorada, pois só fica olhando no espelho, até que um dia a casa cai.

Quando  sua autoconfiança é distorcida, sem ser balizada pela humildade, você pode facilmente passar para o estágio da arrogância e da prepotência. É preciso aprender a não  confundir autoconfiança com arrogância.Para isso, é preciso    cultivar a humildade de aceitar que, por mais que você seja competente, sempre haverá o que aprender e evoluir.

 "A autoconfiança dá vontade de trabalhar, enquanto a arrogância acomoda"

 A   autoconfiança   legítima    nos  dá     vontade    de trabalhar, de produzir e sempre realizar algo. Dá -nos ânimo para superar os desafios e vontade de compartilhar nossas vitórias com todos. De posse da verdadeira autoconfiança, reconhecemos nosso valor, mas sem nunca deixar de reconhecer o valor dos outros e da equipe. Sabemos tudo o que  podemos, mas entendemos também que podermos ainda mais, e será uma conquista, fruto de um processo de  crescimento pessoal.

Autoconfiança, por definição, é confiança em si mesmo. Mas qual é a importância de confiar em si mesmo?

Quando dizemos que  alguém  é de  confiança, significa que podemos contar com esse alguém em qualquer situação. Então, ter autoconfiança significa que podemos contar sempre conosco. Ou seja, que acreditamos na nossa clareza de propósitos e na nossa capacidade de superação, o que nos leva a fazer tudo para o bem de todos e tudo.

Dentro de nós temos apenas a semente da confiança em nós mesmos, que precisa ser cultivada. A autoconfiança é aprendida e se desenvolve com base nas nossas habilidades e em nossas ações positivas.

Uma chave importante para desenvolver a autoconfiança é a preparação para o desafio, é fazer o que  tem  de  ser  feito  quando  ninguém  está  nos olhando ou cobrando, mesmo aquelas coisas que mais odiamos fazer. E o que os artistas chamam de bastidores, ou seja, tudo que é feito fora da visão do público, mas que dá sustentação às vitórias. Algum tempo atrás, li uma entrevista do ator Antônio Fagundes, em que ele disse uma frase muito interessante: "Muitos querem subir no palco para ser aplaudidos, mas poucos querem ensaiar e se preparar para uma apresentação".

É aí que está a grande diferença entre o artista de verdade e o artista de final de semana.

Se você perguntar a um músico qual é a base da sua autoconfiança, vai escutar como reposta algo assim: confio  na minha  performance porque  estudei durante toda a vida, treinei muito, ensaiei tudo que foi preciso. Já fiz isso muitas vezes e tenho uma equipe bem preparada. Agora, é mostrar o que sei.

Se você perguntar a um advogado qual a razão de ter ganhado a causa, ele vai responder: muitos anos estudando, praticando, e muitas noites estudando o caso.

Apenas quem acredita em si mesmo se prepara para valer! A pessoa arrogante vai confiar na ilusão da sua competência e, no momento de decidir, não saberá o que fazer. Já a pessoa insegura, por sua vez, deixará o medo dominá-la e não conseguirá mostrar o que sabe.

Somos arquitetos de nosso destino, e a grandeza de nossas realizações depende do tamanho da nossa autoconfiança. Somente  teremos  sucesso, em qualquer empreendimento, se acreditarmos em nós mesmos. Essa é a nossa melhor preparação para a vida.

A arrogância sabota suas forças

 O arrogante gosta de brincar de ser Deus. Só que acaba gostando tanto da brincadeira que, com o tempo, acaba acreditando no que diz e passa a se achar Deus — Embora não ouse admitir. Reclama para si o direito de fazer tudo que lhe agrada e não admite que se faça coisa nenhuma que seja contrária à sua vontade. Acha que não há limite para seu poder e que todo o universo está à sua disposição.

O homem/mulher que veste essa couraça de onipotência põe em risco seu propósito de vida e sua chance de crescimento e evolução. Até que um dia descobre seu engano e é lançado de volta à realidade, onde tem de recomeçar a caminhada.

Quando o arrogante passa a se sentir Deus, imagina que tem o direito de humilhar os outros e julgar a todos. Mas coloca a si mesmo acima da lei. Pensa que, assim como para Deus, tudo lhe é permitido. Porém, quando dá de frente com as derrotas e a vida lhe mostra suas limitações, ele se frustra e desaba do pedestal. E se prostra no chão, na mais absoluta impotência.

A autoconfiança e a arrogância têm origens muito diferentes, pois, enquanto a confiança nasce  do desejo de criar uma vida de amor, a arrogância nasce do desejo de ter poder sobre os outros. A autoconfiança nasce do prazer de ver as pessoas felizes, enquanto a arrogância nasce do desejo de ver os outros ajoelhados aos seus pés.

É preciso aprender a distinguir entre autoconfiança e arrogância e ficar atento para manter-se sempre do lado certo. A autoconfiança produz  resultados positivos sucessivos, enquanto a arrogância produz resultados negativos e progressivos.

Um atleta com autoconfiança obtém uma série de resultados dignos, enquanto o arrogante tem apenas pose.

O Gestor que tem autoconfiança cumpre suas metas e atinge  o faturamento  e o objetivo planejado, enquanto o arrogante somente apresenta desculpas, e culpa os outros por suas falhas.

A pessoa com autoconfiança divide as vitórias com sua equipe, enquanto o arrogante traz para si todas as glórias.

O médico que tem autoconfiança agradece a seus auxiliares pelo sucesso da cirurgia, enquanto o arrogante apenas lhes aponta as possíveis falhas.

O Gestor que tem autoconfiança prepara sempre seu sucessor, enquanto o arrogante esconde os segredos do negócio a sete chaves.

O homem que tem autoconfiança  cumpre  seus deveres, enquanto o arrogante apenas reclama seus direitos.

O profissional que tem autoconfiança busca se aprimorar, enquanto o arrogante reclama por não ter sido promovido.

O pai  confiante  transmite  confiança  aos  filhos, enquanto o arrogante os coloca para baixo.

O marido confiante faz a esposa se sentir amada, enquanto o arrogante a humilha  na frente  dos amigos. O marido que acredita em si mesmo quer ter uma mulher para amar, enquanto o vaidoso quer uma esposa para servi-lo.

É muito mais fácil  o inseguro desenvolver  a confiança do que o vaidoso aprender a acreditar em si mesmo de modo ponderado e realista ou abrir seu coração para as pessoas.

Como o arrogante tem medo de que os outros descubram suas vulnerabilidades, ele se fecha para o mundo.

A vontade de servir ao próximo e de amá-lo é o primeiro sinal de que a autoconfiança está em seu coração. Já a busca  pelo  poder  é o sinal  mais evidente de que a arrogância está por perto.

Com qual dessas situações você  sente  que  se identifica mais?

 Como criar autoconfiança

 A autoconfiança é fundamental para  quem  quer deixar de lado as preocupações e inseguranças. Como na frase de Madre Teresa: Sei que Deus somente vai me dar desafios para os quais tenho capacidade. Então, acredite: Seus sonhos e desafios estão à sua frente porque você tem capacidade de realizá-los.

O tamanho das dificuldades não deve paralisá-lo, as preocupações não  devem  ser  freios  na sua caminhada. Porque a vida para os inseguros  e assustados não é vida... É morte lenta a cada dia.

Mas ninguém nasce com a autoconfiança formada nem está condenado a permanecer com escassez de autoconfiança. A autoconfiança pode e precisa ser aprendida, precisa ser  construída.  Durante o processo de construção e manutenção da autoconfiança, precisamos estar atentos para o fato de que ela se fortifica a partir do desenvolvimento da auto-eficácia.

O psicólogo canadense Albert Bandura desenvolveu um modelo que nos ajuda a entender como funciona nossa capacidade de acreditar em nosso potencial de realização chamado "auto-eficácia". O livro  do professor Bandura, Self-efficacy: the exercise of control (Auto-eficácia: exercício de controle), é um tesouro para quem quer se aprofundar no tema.

Para evitar confundi-lo, vou continuar usando o termo autoconfiança em vez de usar auto-eficácia. Isso é bastante adequado para o propósito dessa nossa conversa. Porém, quero deixar claro que boa parte dessas idéias foram baseadas no trabalho do doutor Bandura e de seus colaboradores.

A autoconfiança é a certeza que você tem de que vai realizar o que prometeu, mesmo sabendo que no meio do caminho surgirão obstáculos.  Aliás, obstáculos são sempre convites para sua evolução.

Em uma história do jornalista norte-americano Darren Hardy, ele conta que o pai o ensinou a esquiar com 6 anos de idade. Quando estava com 8 anos, ele já sabia esquiar razoavelmente bem. Um dia, durante o jantar, ele contou que estava feliz porque não tinha caído nenhuma vez naquele dia. O pai, então, respondeu: "Se não caiu, hoje você não evoluiu!"

A resposta era exatamente o contrário da que ele esperava escutar. Mas o pai continuou e disse:

Quem está crescendo sempre vai acabar levando um tombo de vez em quando.

A vida é assim: cheia de tombos para quem evolui. O vencedor sabe que, sempre que for batalhar por um novo projeto, os problemas vão aparecer, mas ele confia na sua capacidade de superação.

Quando os problemas aparecem,  as  pessoas de sucesso verdadeiro procuram alguma nova opção para evoluir, seja por meio da orientação de um mentor, seja por  um curso  de  aprimoramento. Buscam principalmente desenvolver suas competências, não se acomodam com os resultados negativos e muito menos ficam dando justif icativas superficiais para suas eventuais falhas.

O vencedor une autoconfiança com competência. Ter apenas competência nem sempre é sinônimo de resultados positivos, porque, se você não confiar em si mesmo, na hora "H" a insegurança pode atrapalhar seu desempenho. Mas ter autoconfiança sem ter competência também não funciona, pois é perigoso confiar em um conhecimento que você não possui.

Muitas vezes, um profissional com amplos conhecimentos e habilidades não consegue produzir resultados sob pressão, enquanto outro com menor competência e habilidade, mas com autoconfiança maior, consegue melhor desempenho.

Conhecimentos e competências não são garantias de bom desempenho, mas ter somente autoconfiança não é suficiente.

Um cirurgião com autoconfiança, mas sem conhecimentos teóricos e práticos, não vai conseguir um bom resultado.

A autoconfiança cria  a força  para  persistir e trabalhar até conseguir a vitória!

 

ROBERTO SHINYASHIKI