Nesse final de semana que passou, um jornal de circulação nacional trouxe à tona a situação socioeconômica do Estado de Pernambuco, até então um Estado que era símbolo de uma mudança nacional de paradigma, e que foi a inversão do eixo de investimentos do Sul / Sudeste para o Norte/ Nordeste, com os incentivos fiscais e estímulo ao desenvolvimento nacional de forma mais hegemônica.

Neste movimento de incentivos fiscais, aportaram no Estado grandes grupos fabricantes de bens de consumo como o automobilístico, higiene e limpeza, petroquímico e de serviços, como o  turístico.

A capital pernambucana, até então sinônimo apenas de um turismo mal estruturado, além de um significativo polo de tecnologia da informação e de formação de cientistas, viu aumentar a chegada de um pessoal de fora, com alta especialização para ser absorvido na estrutura industrial e turística com cheiro de novo.

Passados 13 anos do início desta transformação, o Estado foi vítima de um “mal alicerçamento” e infelizmente, não há como não fazer uma analogia a ciclovia Tim Maia, no Rio de Janeiro, um dos supostos símbolos do legado das Olimpíadas, e que sofreu desmoronamento parcial por falta de um planejamento inicial mais criterioso da obra (com avaliação de todos os  cenários envolvidos).

Fazendo uma analogia a construção da ciclovia, os alicerces do reposicionamento econômico do Estado não foram concluídos e “correu-se apressadamente para a construção concretagem e pintura da pista”.

Trazendo-se para a realidade do Estado, e suas falhas, temos como exemplo as obras estruturantes para dar fim a seca no agreste, com a transposição do Rio São Francisco e que não foram concluídas e assim, a indústria de alimentos e de açúcar, que depende fortemente de recursos hídricos e que já  eram tradicionais no Estado antes dos incentivos fiscais, operam hoje no vermelho.

Já na era pós incentivo fiscal, tem-se como exemplos as montadoras de veículos e as empresas de bens de consumo, estas também com desempenhos negativos, visto a freada no consumo decorrentes da crise política que agravou o cenário  econômico, e também a falta de uma política industrial, com revisão da estrutura de impostos e políticas de juros.

E neste cenário de “falhas nos alicerces da ciclovia”, tem-se como exemplo a Refinaria Abreu e Lima, com repetidos adiamentos de inauguração, e na mesma medida, elevação exponencial de seus custos com obras.

O objetivo, de tornar o Estado, até então de perfil agrícola, em industrial, aliado também a explorar de uma melhor forma a sua veia turística, transformando esta  em uma matriz econômica mais profissionalizada naufragou, com os adventos do zika vírus e seus desdobramentos, afastando de vez os turistas, e assim teve-se um efeito dominó de quebra generalizada do que foi feito há 13 anos.

Nestas falhas de planejamento da “estrutura da ciclovia” perdeu-se um precioso tempo e será necessário “ raspar a tinta e quebrar o concreto da ciclovia”. Correções necessárias para realocar um índice de 10% de desempregados da casa, decorrentes “ das rachaduras dos alicerces”.

Para as empresas de bens de consumo e de serviços, exemplificando-se Pernambuco como espelho para as demais federações do Brasil, bons ventos estão longe da praia, infelizmente.