O mundo do trabalho vem sofrendo profundas mudanças, onde a construção de uma carreira sólida deixou de ser prioridade fundamental para o homem deste novo milênio, sendo substituída pela busca de novos valores pessoais e empresariais. A relevância hoje está em buscar melhores opções no mercado, processos em se obter aprendizagem continua, incentivar as lideranças com o empoderamento das pessoas, com uma grande sinergia de troca, flexibilidade e inovadores projetos de remuneração, que contemplem a meritocracia, buscando potencializar as competências individuais em benefício do resultado final da equipe,  e plano de benefícios opcionais e de livre escolha, se tornaram opções relevantes, como forma de se contratar e reter os talentos. 

As organizações passaram a adotar e trabalhar com o conceito de “projetos” onde as equipes sofrem modificações constantes no decorrer dos processos, de acordo com seus objetivos e metas muitas vezes em curto e médio prazo. Esta reengenharia e mudança nas culturas organizacionais, está mais atuante do que nunca nas empresas, reestruturando suas pirâmides hierárquicas, deixando de trabalhar em pirâmides (decisões de cima para baixo) e passando a trabalhar em grupos de trabalhos multifuncionais, com a finalidade de tornarem-se mais flexíveis. A informatização dos processos, e o advento da Internet e principalmente a entrada da Era Digital, mudou completamente as relações. A Era Digital vem transformando de forma significativa o meio em que vivemos, impactando e influenciando de forma direta o mercado de trabalho, e toda sociedade, provocando mudanças na forma de se comunicar, de se relacionar, e de se viver, impactando de forma direta as relações entre as pessoas, empresas, e o mundo de forma generalizada. 

Todo esse contexto de processo de mudança contínua, fez com que valores pessoais e organizacionais fossem modificados e surgissem com uma nova roupagem focando os conceitos de lealdade, confiança, respeito, amor pelo trabalho e compromisso. Entretanto essa roupagem por muitas vezes mascara a falta princípios. Princípios como: 

  1. O comportamento que traz o sucesso ou mesmo a sobrevivência no trabalho contribui pouco para oferecer como exemplo à família.
  2. As relações familiares sucumbem ao comportamento em curto prazo.
  3. O trabalho em equipe praticado nas organizações, por muitas das vezes, leva a ausência de responsabilidade coletiva. Pois em caso de erro, existe sempre um culpado. Onde na realidade a responsabilidade é de todos.
  4. O capitalismo de curto prazo corrói o caráter das pessoas.
  5. E a criação de identificação de pertencer e ser leal a organização, criando fortes laços, dependem de associação em longo prazo, o que não ocorre hoje na grande maioria das empresas, em função da filosofia de trabalho em curto prazo e descartável. 

E aí vem a questão da sobrevivência, onde a superficialidade nas relações passam a imperar, e com isso causando o desvio de caráter. Esse quadro se estabelece quando nas empresas não há mais a visão de planejamento de carreira ou a permanência do colaborador pela sua competência e experiência, obrigando-o a buscar outras organizações e outras oportunidades. Infelizmente esse resultado de consequências obedecem às “regras” do sistema. 

Por isso, o uso do “nós” torna-se delicado porque não se há mais tempo entre as pessoas para o contato, para o estabelecimento e a construção de vínculos e sentimentos mútuos como: confiança, respeito, lealdade, entre outros e com isso não há um sentimento de comunidade e de objetivos em comum, transformando esse grupo sem “voz” e sem representatividade para o questionamento do sistema que transforma as antigas relações de cumplicidade em relações superficiais, trazendo a ideia de dependência como sendo uma mostra de fragilidade e incompetência. 

É possível começar a melhorar este cenário? Garanto que sim! O primeiro passo é entender que sozinho você não chegará a lugar algum, e que o resultado só é obtido com a soma das diferenças, ouça mais, fale menos, aja mais, seja claro, transparente, respeitoso, não tenha receio de compartilhar informação e gerar conhecimento, e principalmente não tenha receio de pedir ajuda. Pois na grande maioria das vezes as melhores ideias são obtidas com pessoas mais humildes. E por fim, trago comigo um dos maiores ensinamentos do meu pai, “O que é acordado não sai caro para ninguém”. 

Pensem nisso e até a próxima! 

Sobre o Autor: 

José Renato Alverca

É Business Division Manager da Gi Group.

É Membro Fundador do IBPDICC – Instituto Brasileiro de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação em Crédito e Cobrança, Pesquisador, Especialista em Crédito, Cobrança, Meios de Pagamento, Adquirência, Outsourcing, Gestão de Pessoas e RH e TI.

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