As solicitações constantes levam-nos, cada vez mais, à desconcentração e a perdermos o raciocínio. Mas há como não perder o foco . Já aconteceu  com você quando está no meio de uma conversa, por exemplo, durante o almoço, e perder por completo o que estava falando assim que o celular toca?  As vezes acontece comigo. E nesses dia li um estudo muito interessante que explica o que acontece com o seu cérebro e  que leva a este tipo de desconcentração e esquecimento. Vou resumir e tentar passar algumas coisa interessantes para vocês.

Os neurocientistas americanos Adam Aron (Universidade da Califórnia) e Jan Wessel (Universidade de Iowa) descobriram que o núcleo subtalâmico (STN) – o sistema responsável por interromper ou parar o movimento no nosso corpo, também interrompe a cognição. Numa pesquisa anterior Adam Aron identificou que o STN é ativado quando se faz uma freada abrupta na ação devido a um evento inesperado. “Uma brecada que nos leva a ter uma espécie de choque no corpo inteiro dá-se quando, por exemplo, estamos prestes a sair do elevador e damos com outra pessoa parada na nossa frente, do outro lado da porta”, referem os investigadores.

Este estudo, publicado na revista Nature Communications, conclui que um evento inesperado também parece “limpar” o que se estávamos pensando. Esta função do cérebro desempenhava um papel crucial quando os seres humanos eram confrontados com o perigo e precisavam de uma resposta de luta ou fuga; mas hoje tem consequências negativas. “E é o que nos acontece o dia todo”, afirma Adam Aron. “Estamos concentrados no escritório, e as coisas “apitam”. E distraímo-nos, mas é o nosso dia a dia. Infelizmente, há uma grande dificuldade no que diz respeito a concentrarmo-nos, e é cada vez pior”. No entanto, e embora a reação seja fisiológica, podemos trabalhar no sentido de fortalecermos o nosso enfoque para que as distrações menores não levem ao esquecimento no que estamos pensando.

Fazer meditação

Tal como exercitar os nossos músculos, também a meditação treina a nossa atenção, o que nos permite permanecer concentrados por longos períodos de tempo. E quando surgem as distrações o cérebro é forte o suficiente para as deixar passar.

Um estudo da Universidade Emory, nos EUA, conclui que 20 minutos de meditação diária estão associados a mudanças de atividade e conectividade na região do cérebro que controla a atenção, o que permite não ligar a distrações. 

Reduzir o “ruidos” dos aparelhos

Adote uma abordagem proativa na configuração do seu espaço de trabalho, sugere Nelly Dixon, membro do corpo docente do departamento de Análise Comportamental Aplicada na Universidade de Kaplan, EUA. “Organizar o ambiente para limitar os estímulos que distraem pode ser muito útil”, diz a professora. E acrescenta: “desligue os dispositivos sonoros para eliminar a distração e os telefonemas sem importância. Desative ainda as notificações no seu computador sobre quando alguém comenta a sua página no Facebook”.

Fechar a porta

“As interrupções no local de trabalho podem levar as pessoas a demorarem até 27% mais tempo a completar uma tarefa, a cometerem cerca do dobro dos erros, e a sentirem até duas vezes mais ansiedade”, declara A. J. Marsden, professora assistente de Serviços Humanos e Psicologia na americana Beacon College. Ajude a reduzir o número de vezes de pessoas que entram na sua sala, quando estiver fazer um trabalho . Se não tem uma sala só sua, use uns fones, que podem assinalar aos seus colegas que não está disponível.

Fazer vários pequenos intervalos

O desempenho começa a deteriorar-se após 50 a 60 minutos de trabalho contínuo. Mas pode inverter esta tendência ao fazer pausas a cada 40 minutos, afirma A. J. Marsden. “Fazer pausas ajuda a descomprimir e a relaxar o seu cérebro sobrecarregado”, explica a docente. “As pausas curtas permitem manter o foco numa tarefa sem perder a qualidade com o passar do tempo”.

Esquecer as Multitarefas

As multitarefas podem  enfraquecer a sua capacidade de se concentrar num projeto. “A nossa memória de curto prazo só pode armazenar entre cinco e nove coisas ao mesmo tempo, por isso é difícil para o cérebro processar dois fluxos de informação coincidentes ainda que separados e codificá-los na memória de curto prazo”, afirma A. J. Marsden. Realizar várias tarefas em simultâneo diminui a concentração em 20 a 40%, adianta. “A ativação do cérebro é diminuída em até 53% quando temos de executar tarefas duplas versus termos a possibilidade de dedicar a nossa atenção a apenas uma tarefa”.

Livrar-se das distrações internas

A sensação incómoda de que temos algo para fazer pode causar estragos na capacidade de nos concentrarmos, afirma Nelly Dixon. A docente sugere a criação de uma lista de tarefas a realizar, priorizando-as, e completar as menos importantes antes de se dedicar a um projeto que exija um maior nível de foco e atenção. Tal “pode ajudar a reduzir aquela sensação persistente de que ainda temos de fazer algo mais”.