Conseguir uma recolocação no mercado de trabalho depois dos 45 anos tornou-se algo cada vez mais difícil. Não adianta tentar tapar o sol com a peneira. Há realmente no meio empresarial um grande preconceito com os profissionais que tenham idade superior a 45 anos.  Agora entender o porquê desse preconceito ou rejeição e procurar uma solução para reverter essa situação, teria que ser o principal objetivo do Governo, do empresariado e do Ministério do Trabalho.

Precisa-se entender, que desempregados não consomem, não gastam, não contribuem com o INSS e nem pagam impostos. Talvez seja essa a maneira de se minimizar o déficit da previdência, e não alterar as faixas etárias para aposentadoria, quanto mais gente trabalhando, maior o consumo.

Foi o que fez um profissional com esse perfil.

Vamos chamá-lo por um nome fictício: vamos chamá-lo de Sr. João.

Depois que o Sr. João descobriu que apenas ter disposição não bastava para convencer o recrutador de que ele era o profissional certo, percebeu também que em certos casos havia uma dúvida sobre sua capacidade de aprendizado.

Um profissional acima de 45 anos tem que saber enfrentar os problemas para conseguir um emprego. Agora, ter problemas não significa ter garantia plena de que não vai conseguir. Essa diferença pode até parecer simples demais só que, na prática, pode promover uma sensível alteração na postura de um profissional. Explico. O Sr. João foi demitido da empresa onde trabalhava logo após ter completado 45 anos. Num primeiro momento veio á revolta. Afinal, toda uma vida dedicada àquela empresa não serviu para nada.

Acontece que quando a realidade bateu à sua porta, ele percebeu que também contribuiu para que a demissão ocorresse. Ele percebeu claramente que a sua disposição para o trabalho veio caindo e definhando.

 O problema é que o Sr. João não seu deu conta disso, ou fez que não viu, porque achava que qualquer pessoa com 45 anos tinha o direito de reduzir o seu ritmo. Porém, no meio empresarial, o que se espera de alguém com mais experiência e vivência é justamente o contrário. É maior produtividade e mais empenho.

É por isso que o Sr. João tinha um salário maior que dos outros, para utilizar toda aquela experiência acumulada na vida. Para utilizar os atalhos, que poderiam ser utilizados de uma forma correta e legal, que gerem produtividade maior para empresa. Foi uma lição dura e que custou muito caro. Precisou refletir muito para entender que, sem disposição, não interessa a idade que um profissional tenha: ele não vai ter grandes chances no meio empresarial. Ele agora era um profissional extremamente motivado e com disposição para construir uma nova carreira. A ironia é que, justamente, a falta de disposição foi o que provocou a demissão do Sr. João.

O passado pode ser tanto um problema quanto um facilitador na hora de procurar um novo emprego?

Pode parecer até estranho, mas o passado ao mesmo tempo pode ser a salvação de um profissional com mais de 45 anos que procura um novo emprego, como também pode ser um problema fatal. Isto pode ser uma solução por que quando a pessoa utiliza toda a experiência acumulada na vida, quando a pessoa demonstra que depois de certa idade mantém sua dedicação e disposição para aprender, está sendo construído um grande diferencial de mercado. É uma pessoa que mantém características de um jovem profissional, com a vontade e garra, mas que também possui a experiência como agente balizador. Agora o passado também pode ser um problema por que algumas pessoas se agarram nele e ficam repetindo o tempo todo que foi no passado que demonstraram a sua competência.

Surge aí uma questão muito simples, mas também muito racional do meio empresarial: o passado foi remunerado com salário, a dedicação apresentada pode ou não ter sido reconhecida com promoções, mas o fato é que as empresas quando vão contratar um profissional buscam o futuro, estão sempre se questionando o que esse profissional poderá fazer de diferente para que a empresa alcance seus objetivos.

Nesse sentido, a recomendação de hoje é que um profissional com mais de 45 anos tenha em mente que existem vários fatores que podem auxiliá-lo a conseguir um emprego. Que não vai ser fácil não vai.

-Primeiro, tem que ser vencida a barreira imposta por empresas e departamentos de recursos humanos, tanto internos como as consultorias de RH externas. (Quando você se candidata a qualquer vaga, o primeiro item de corte que é visto: IDADE. Vem na frente do seu nome). Aí é que começa o corte; a maioria dos recrutadores nem chegam a abrir ou ler seu currículo, eles consideram perda de tempo.

-Segundo, a maioria dos recrutadores responsáveis por selecionar e recrutar os candidatos às vagas anunciadas de seus contratantes, não se dão ao trabalho de ler mais de 10 a 15 currículos (isso me refiro aos bons profissionais de recursos humanos, outros não leem mais do que meia dúzia), onde apenas 3 ou 4 candidatos são selecionados para uma entrevista pessoal junto ao responsável pela empresa. (Essa informação foi me passada por uma conhecida que trabalhou durante muito tempo em consultorias de RH, além de ser bastante abordada na internet).

-Terceiro, de acordo com a concepção, aí entra um assunto que pode ser bastante discutido, a preferência é por profissionais mais novos de até 35 anos, (se bem que hoje com a situação atual do país, e o pouco caso do Governo, essa idade já começa a se complicar para alguns cargos), com uma formação acadêmica completa, pós-graduação, MBA e curso de uma ou duas línguas, mesmo que nunca utilize essas habilidades para suas funções na empresa.

Depois de tudo isso lido, deveríamos fazer uma pequena reflexão:

“Após os 45 anos, o ideal é que este profissional tivesse exercido cargos de alta administração e remuneração, para que pudesse montar seu próprio negócio, porque assim como em outras áreas há discriminação, o que é devidamente abominado pela constituição brasileira.”

Então aquele ditado popular de que: “A vida começa aos 40 anos, é pura conversa fiada. Só começa realmente é na farmácia e nos consultórios médicos, para a maioria deles, devido ao estresse, angústia e decepção”.

 É por isso que alguns profissionais que conheço com menos de 35 anos me dizem o seguinte: “Eu vou procurar é um emprego que me pague muito bem e enquanto não achar, eu vou ficando aqui e ali, pra que me dedicar às empresas que não vão dar nenhum retorno e nem reconhecimento pelo meu talento”.

 Sempre critiquei esse tipo de postura, pois nem todas as empresas têm esse tipo de pensamento, e afirmava que deviam pensar em construir uma carreira dentro da empresa.

Mas com tudo que temos visto no mercado hoje, será que eles estão errados?

Principalmente com as atitudes e medidas do Governo, onde só existe a preocupação de como irão pagar as aposentadorias?  Será que é tão difícil para a classe política, que são os representantes do povo, elaborarem leis que beneficiem os profissionais acima dos 40 anos e as empresas que os contratarem?

Eu digo isso por que, alterar as faixas etárias para aposentadoria, não vai mudar muito o cenário que aí se encontra, caso não haja recolocação de mais de 12 milhões de desempregados atualmente. É como possuir uma mesa de madeira, que tenha suas pernas comprometidas por ataque de cupins. Não vai adiantar trocar o tampo, o problema vai persistir. É uma questão de tempo para que a mesa desmorone. É o que irá acontecer com o INSS, caso não comecem a pensar medidas para diminuir o alto índice de desemprego.

Entenderam? Só o tempo irá poder responder.

 
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